A Linguagem dos Pássaros (Resenha)
Clássico da literatura sufi, é um conjunto de alegorias místicas sobre a senda espiritual. Podemos observar uma estrutura onde uma trama maior permeia o conjunto de histórias de cunho reflexivo e moralizante que ensinam sobre a melhor postura na busca da Divindade.
O pano de fundo de toda a trama é a história da assembleia dos pássaros, quando aves de todas as partes do mundo se reúnem para buscar uma criatura mística conhecida como Simorg. Essa ave que para para os islãos tem semelhanças com a fênix é, metaforicamente, a própria representação de D'us.
Os pássaros buscam de muitas formas arranjar desculpas para não procurar o Simorg, mas estas são argumentadas pela esclarecida poupa, que logo torna-se a ave guia de todas as viandantes nessa busca.
É uma jornada longa, onde se passam por diversos vales. Muitos pássaros não chegarão até a senda, mas àquelas que se manterem firmes, poderão vir de encontro ao poder aniquilatório e sagrado do Simorg.
A etimologia de Simorg leva a um jogo de palavras. Si-morg pode significar trinta pássaros. Um pássaro que carrega em si trinta pássaros. Ao final da trama, são trinta que encontram o Simorg. Muitos se dispõem a busca, poucos realmente a terminam.
Em torno dessa trama maior, diversas alegorias menores surgem, muitas vezes para complementar temas apresentados na história principal. Histórias que discutem a fé e seus ordálios, as dúvidas e seus conflitos. Mas ao fim de tudo, permeia sempre a busca, por mais dura, por mais profunda, por mais amedrontadora que seja. Buscar o Simorg é atravessar os sete vales, é confrontar o abismo. Mas é tudo que podemos e devemos fazer.
Um passarinho me disse
a senda é mistério
mistério é Simorg
voe
V v V v V v V