Tantas vezes nós que estudamos o tarô nos concentramos tanto em procurar significados místicos, profundos e complexos nas cartas que acabamos esquecendo que os arcanos podem ser tão literais quanto aquela imagem famosa da pessoa que perguntou pro tarô o que fazer pra planta sobreviver e saiu O Sol. Bem, acho que pela mesma ótica podemos muito bem dizer que se A Estrela saísse a planta precisava de água. A Morte representaria poda. E tudo isso não é literal, não é óbvio?
A gente, eu extremamente incluso, olha pra certas cartas e alopra no esoterismo, em sóis atrás de sóis, céus atrás de céus, toda aquela grandiloquência mística digna de um mestre iniciático, mas às vezes gente esquece que A Morte pode literalmente representar morte. Ora, não é o nome da carta? E não é incrível quando numa consulta a pessoa estava estressada e a carta dA Torre apareceu. Atento pro fogo que acerta exatamente no topo do edifício e o formato de coroa da estrutura que cai. A coroa fica na cabeça, a cabeça queima: estresse.
Bem, talvez não tenha sido um exemplo muito literal mas, pense bem: é algo que está na imagem, sem tirar nem pôr. Muitas vezes olhamos as imagens e queremos ver o que está para além delas, eu peco muito nesse sentido, mas não existe algo mais incrível do que ver algo que está na imagem e representa literalmente a situação sem precisar pensar em camadas e camadas de significado.
A gente joga sobre um vendedor ambulante e sai O Prestidigitador, não é perfeito, não é óbvio, literal? Ou o chefe do emprego ser literalmente O Imperador? Às vezes as coisas são mais óbvias do que pensamos, as imagens podem ser extremamente claras. Se a planta está morrendo e A Morte aparece de conselho com aquela foice em mãos, não faz sentido podar a planta? A Estrela despejando água não representaria literalmente despejar água? Muitas vezes focamos no abstrato, simbólico, conceitual e ignoramos o concreto, o óbvio ululante, a literalidade das imagens.
Perguntar sobre um Carro e sair O Carro ou a roda do carro ser literalmente A Roda da Fortuna. Precisamos estudar e A Papisa dá as caras com o livro em mãos, estude. Aonde eu devo levar a namorada pra sair? Que tal simplesmente ir olhar a luz dA Lua, diz A Lua. Deu blecaute? Acenda uma vela, diz o Eremita. Estou me sentindo distante de Deus? O Julgamento pede pra você rezar igual rezam as pessoas na carta. Minha casa pegou fogo? Bum! A Torre.
É um esforço constante procurar ser mais direto, mais conciso, olhar mais pras imagens do que divagar sobre elas. Até mesmo porque a divagação tem a sua importância, tem seus devidos valores. Mas acho que é de igual importância a gente procurar entender que nem sempre O Sol vai ser a clareza da alma ou A Lua a noite profunda do ser. Às vezes a Lua é só o cão do vizinho latindo de noite atrapalhando você dormir. O Sol pode muito bem ser as crianças que você teve. Existe algo igualmente sagrado no óbvio das coisas. É só a gente prestar atenção.
Às vezes pedras são pedras.
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