Quão cruel quando duas verdades se embatem. Igualmente verdadeiras, mas uma quer prevalecer sobre a outra. Os dogmas da fé, as filosofias, as ciências, quanta verdade já quis confrontar verdades até que uma ou ambas fossem destruídas? Duas espadas é isso: a luta com chance de morte. Duas pessoas querendo vencer, ambas contudo podem perder. Quando este arcano surge, ninguém sabe ser flexível.
As duas lâminas convergem de tal forma a ponto de formar esse sistema fechado, onde a mais bela flor cresce mas é incapaz de ser a totalidade de sua beleza. Está presa no embate. Se crescer mais do que já é, haverá de morrer, despetalar por entre as forças em fúria. Quando as ideias sem embatem, ignoramos a beleza de ambas e focamos nesse conflito incessante, essa imobilidade do tempo onde o som dos golpes se fundamentam.
Este arcano é quando dois iguais se põem desiguais. Prefiro o outro morto a um eu vencido. Aqui o amor se nega, o apreço se esconde, o braço não se dá a torcer. É torcido, contudo, na queda de braço, no choque das espadas, no disparar ao meio-dia no filme de faroeste. Para haver uma vítima, é preciso um algoz. A violência é a perpetuação da prevalência de uma força sobre outra. No fim, estava realmente certo o vencedor? O cadáver é realmente a verdade que diz quem vence?
Acho que muitas vezes quando alguém vence, ambos perdem. Tudo teria sido tão melhor se houvesse a bandeira branca, o aperto de mãos. Se ao invés da guerra, abraçássemos a semelhança. Mas se existem duas espadas, não existe realmente a paz. Ou até existe. A paz que surge da guerra, da morte, do corpo que pisa outro corpo que outrora era vivo igual ele. Corpo que se torna um fantasma nos anos seguintes, fantasma que prevalece na mente do combatente até sua própria morte. Nesta semana, caberá a nós saber se abraçamos a guerra ou a paz. A beleza da flor ou o entrecortar das espadas?
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