O Livro de Thoth (Resenha)
Uma leitura essencial para entender o Tarô de Thoth e suas nuances, The Book of Thoth é uma publicação classe B da A.:. A.:. que discute sobre o baralho mágicko de lady Frieda Harris e Aleister Crowley, sendo dividido em quatro partes, para além de apêndices com tabelas e textos que complementam os estudos.
Sendo um livro sobre um oráculo e ferramenta mágicka thelêmica (é um tarô que cumpre ambas as funções) , é importante ressaltar que existem menções para outras obras que permeiam a filosofia de Thelema e que são importantes para melhor entendimento de algumas questões mencionadas. Dentre elas, as mais mencionadas nessa obra são o Liber AL vel Legis, Liber 418 (A Visão e a Voz), Liber 333 (O Livro das Mentiras) e o 777.
PARTE I: A TEORIA DO TARÔ
Não é uma leitura que privilegia o aspecto histórico do tarô como já é percebido logo no princípio do texto. Crowley fala sobre o assunto em poucas palavras e praticamente declara o tema como irrelevante frente ao que será discutido.
Seu foco será acima de tudo na teorização de aspectos ocultos e mágickos sobre o tarô, correlacionando-o com a cabalá, o sistema da Golden Dawn, a obra de Eliphás Levi, a Lei de Thelema, magia cerimonial e outros pontos que considera necessários para dar prosseguimento aos assuntos das próximas três partes. Aqui temos uma base para começar a discutir os arcanos em suas especificidades.
PARTE II: OS ATU
Atu (do egipcio antigo, chave/habitação) é a nomenclatura usada por Crowley para descrever os 22 arcanos maiores. Nesta parte do livro ele comenta cada um deles, apresentando as letras hebraicas correlacionadas à cada um (e consequentemente os caminhos da Árvore da Vida) e as correlações astrológicas e elementais.
Para além disso, apresenta um amplo conjunto de significados e alegorias principalmente de cunho oculto e mágicko, mas também detalhes que podem ser usados num aspecto mais preditivo. É importante ressaltar o Tarot de Thoth como um baralho acima de tudo mágicko e iniciático, sendo a função divinatória não necessariamente uma prioridade dele.
Excertos do Liber 418 são vez e outra apresentados dependendo do Atu mencionado. Esse livro thelêmico fala da experiência de Therion nos trinta aethyrs enoquianos. Muitas das vivências (Voz) por ele passadas se reapresentam nas figuras do Tarô de Thoth (Visão). Uma leitura muito recomendada para melhor compreender o baralho.
PARTE III: AS FIGURAS DA CORTE
No livro existe uma separação entre as figuras da corte e cartas numeradas apesar de ambas serem arcanos menores. Nesse capítulo a hierarquia das figuras da corte, sua combinação de elementos e posição no Zodíaco é discutida. Interessante notar as relações que Crowley faz entre as cartas da corte e hexagramas específicos do I Ching, O Livro das Mutações, um clássico oráculo chinês.
PARTE IV: CARTAS NUMERADAS
Este é um capítulo muito focado nas associações cabalísticas da Golden Dawn e como elas influenciam na esquemática das cartas numeradas. Cada número das cartas numeradas é associado a uma das sephirot da Árvore da Vida e associação de cada sephira com os naipes altera a influência e funcionalidade das cartas. O autor detalha então cada uma das 40 cartas numeradas e acrescenta informações astrológicas sobre elas e por vezes menciona hexagramas do I Ching que considera correlacionadas a elas.
CONCLUSÃO
Qualquer pessoa interessada no Tarô de Thoth, seja ou não thelemita, tem aqui uma boa porta de entrada para começar a explorar esse gracioso baralho. Não é contudo o livro mais simples de se entender levando em conta a ampla gama de assuntos mencionados nele que envolvem alguns entendimentos prévios de certos assuntos como cabalá, thelema, astrologia tradicional e magia cerimonial.
É um livro muito raro de se conseguir traduzido em português, pelo menos a obra física. Traduções virtuais são mais fáceis de serem encontradas. A versão que tenho, contudo, é a inglesa, publicada pela excelente Weiser Books.