Tempo no tarô e tempo nos astros
É importante na minha jornada ressaltar o fato que antes de estudar o Tarô eu já tinha interesse em outro campo esotérico, a astrologia e por anos fui mais centrado nela, tendo entendido inclusive sua incrível capacidade de previsão e estipulação de tempo de acontecimentos. Hoje contudo meu interesse rumou mais aos setentoito símbolos, mas vez e outra me ponho a refletir sobre a questão do tempo no oráculo.
Acho que essas minhas divagações temporais são inclusive culpa desse apreço pela astrologia que é muito mais direta nesse sentido. Cada oráculo no seu galho contudo e eu faço esse texto para refletir isso. Não acho uma boa ideia procurar aconselhamento das cartas se você quer uma resposta temporal extremamente definida. Não concordo contudo com aquela história de que uma consulta só funciona pra seis meses. Ela funciona pro tempo que for preciso. Um não pra algo há sempre a chance de ser um não a longo prazo, a mesma coisa pro sim.
Acho que é preciso entender que os símbolos astrológicos divergem muito dos tarológicos. Um signo fixo sempre vai ser fixo, ele não pode ser mutável sendo fixo, é uma estrutura imutável. Da mesma forma Saturno sempre vai ser o primeiro planeta na estrutura ptolomaica e um signo de água não vai ser de fogo, ora. Quadratura não vai ser trígono, conjunção não vai ser oposição. Tudo são regras muito imutáveis e definitivas que facilitam na estruturação temporal e muitas vezes um astrólogo bom pode cair em erro, porque não é simples mesmo assim.
No tarô os símbolos nunca mudam também, mas a amplidão do seu escopo é enorme. O Mago pode indicar velocidade, mas pra que ele indique velocidade o contexto do jogo vai ter que indicar que o evento vai acontecer. Esse mesmo mago junto com um 7 de copas vai indicar tendência a devaneios e pouca concretude, a consequência sendo lentidão. Com um 10 de ouros, vai indicar capacidade de concretizar as coisas. O Mago tanto pode ser a ação quando a ideia ainda por se formar, o potencial. Tentando comparar com a astrologia, cada arcano acabaria sendo um signo que pode ser mutável, fixo ou cardinal, água fogo terra ou ar, tudo a partir do contexto.
Quando eu pesquiso sobre o tempo no tarô eu vejo acima de tudo que é um campo de muita discussão, muitos métodos, muitas regras: alguns vão colocar os naipes representando estações, outros vão usar a lógica da Golden Dawn onde as cartas representam graus de signos; cada um cria sua regra, não existe necessariamente um consenso, o que por um lado é bom porque há sempre a possibilidade de estudar e criar sua visão do assunto, mas por outro, muitas coisas ficam em suspensão. Não é como na astrologia onde signos fixos vão naturalmente indicar lentidão e por mais que hajam discussões acerca do timing de um planeta a partir de sua casa, muitas vezes o contexto da pergunta já meio que dá a tônica temporal.
No tarô contudo considero que o melhor é dizer se algo vai tender a demorar ou ser rápido e aconselhar claro a melhor forma de fazer os assuntos questionados fluírem da maneira mais adequada. Se O Mago vai representar uma hora, um dia, um ano ou uma vida, sabe-se lá, o importante é que ele vai indicar uma possibilidade. A Roda da Fortuna está sempre girando os arcanos, cabe a nós girar com ela. Tudo é contexto e texto.